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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

As lágrimas de Esaú - Hebreus 12:17.
O arrepender-se geralmente é seguido por lágrimas, é que o choro expressa toda profundidade de nossas dores, quando se esgotam as palavras e o íntimo se esforça na necessidade de pôr para fora aquilo que já não cabe no ser. É difícil se manter imparcial ou insensível diante de quem chora. Depende?. Pode depender da veracidade e intencionalidade do choro. O livro de Hebreus cita um exemplo de choro que não comoveu, foi rejeitado e ignorado: o choro de Esaú, irmão gêmeo de Jacó.
“E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú… que, querendo ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”. Hebreus 12:16-17.
Que verso tão desanimador! Será que mesmo tendo chorado e clamado, Deus não perdoou a Esaú? Se interpretarmos dessa forma, significará que não há esperança de perdão para muitas pessoas que agiram ou agem como Esaú. Ele desprezou a benção de Deus, negociou sua primogenitura reduzindo-a a um prato de lentilhas. E quando percebeu que seu irmão seria mais abençoado que ele, implorou ao pai para desfazer a benção dada ao irmão.
“ E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou.” Gênesis 27: 38
Creio que seja justo fazer a ligação entre o verso de Hebreus e o que aconteceu na casa de Esaú no dia do seu choro, de suas lágrimas. Seu arrependimento foi em relação a não ter recebido a benção, em ter negociado com Jacó, quanto a isso, não havia mais como voltar atrás. Seu pai Isaac manteve a decisão de conceder a Jacó o poderio e as riquezas tanto espirituais quanto materiais. O choro de Esaú pode não ter tido o efeito esperado, porque Isaac nunca esquecerá o que Deus havia falado sobre os irmãos, antes de haverem nascido:
" Disse-lhe o Senhor: Duas nações estão em seu ventre;já desde as suas entranhas, dois povos se separarão; um deles será mais forte que o outro,mas o mais velho servirá ao mais novo". Gênesis 25:23.
Nesse aspecto o que Esaú buscou não foi o arrependimento de mudança de coração, de receber perdão de Deus por ser profano e devasso, querendo mudar de vida e atitudes. O arrependimento que Esaú buscou foi o de recuperar o que havia perdido.
Arrependimento = metanoeo (Strong 3340) de meta (depois) e noeo (pensar), uma decisão que resulta em mudança de comportamento, objetivos e ações. Referência, Mateus 3:2: “Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus” e Atos 3:19 "Arrependei-vos ... e se convertam, para que os vossos pecados sejam apagados"
Gosto da versão Bíblica New Living Translation que diz:
"Você sabe que depois, quando ele quis a bênção de seu pai, foi rejeitado. Mas era muito tarde para o arrependimento, embora ele tenha implorado, com lágrimas amargas." Hebreus 12:17
Fica claro que quem rejeitou o arrependimento de Esaú, não foi Deus, mas seu pai Isaac. E que esse arrependimento não tinha fundamento agradável a Deus, mas servia aos interesses pessoais e profanos de Esaú. Assemelho o sentimento de perda de Esaú ao de Judas Iscariotes, que traiu Jesus. Algumas versões dizem: "Então Judas, o que o traíra, vendo que fora condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos." Mateus 27:3. Outras versões dizem que "Judas sentindo remorso foi devolver as moedas". Afinal o que sentiu Judas?
A palavra remorso tem origem latina, vem de remorsus, particípio passado de remordere, que significa tornar a morder. Liga-se, portanto, a dilacerar, atacar, satirizar, ferir, torturar, atormentar.
Digo que a interpretação correta é que Judas sentiu remorso, foi torturado, afligido, angustiado por ter traído Jesus. E esse estado tão desesperador o levou a tirar a própria vida. Judas, a exemplo de Esaú, não se arrependeu para Deus, mas para si mesmo. Seu tormento pode ter sido originado por pressão demoníaca, condenação pessoal, distanciamento de Deus e outros.
Mais considerações sobre as lágrimas de Esaú:
Há situações que não podem ser mudadas, por isso, é tão importante pensar nas consequências de nossas escolhas. Esaú não pôde mudar sua decisão quanto a benção de primogenitura, sofreu as consequências. Contudo, ele poderia mudar seu futuro, ao mudar sua atitude em relação ao passado. Um caminho que restauraria a vida e as escolhas de Esaú seria a conciliação com Deus, um novo começo. Se não for possível mudar o passado, uma nova atitude em relação a esse passado transformará o futuro.
Deus está disposto a perdoar todo o que se arrepende e a qualquer tempo, pois não pode negar a Sua própria Palavra que diz: “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, Ó Deus” Salmo 51:17.
Deus perdoa o que pecou por ignorância, desconhecimento de Sua vontade (Atos 17:30) e também aquele que mesmo conhecendo a Deus caiu em condenação, como diz Apóstolo Pedro, "o cão pode se lambuzar em seu próprio vômito":
"Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama." II Pedro 2: 21,22.
Porém, é importante considerar que Deus não sente prazer nem na morte do ímpio, nem na apostasia, antes Ele é longânime e se apraz em perdoar. A parábola do filho pródigo Lc 15: 11 e 12 segue até o verso 32.revela bem essa bondade Divina. Deus é um Pai amoroso que permite sim que os filhos sofram as consequências de suas escolhas, pois todos temos liberdade para decidir entre bem e mal, mas a partir do momento em que nos arrependemos com todo o coração, Ele nos recebe,sem reservas.

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